A volta às aulas para os estudantes de Educação Especial de São José dos Pinhais tornou-se um verdadeiro caos. São vários os relatos de mães que denunciam que crianças com deficiência ficam mais de duas horas dentro dos ônibus, além de chegarem atrasadas na escola. Há também a mudança de rota e horário sem aviso prévio.
Na última quinta-feira (29), Kalél não foi para a aula mais uma vez. Apesar do trajeto de ônibus da casa dele até a Escola Municipal Madre Paulina demorar no máximo dez minutos, a condução passou duas horas antes do horário de entrada.
"Meu filho tem cinco anos, é autista nível 3 de suporte e usa fralda. Está muito calor, ele fica assado. Como vou deixá-lo ficar mais de duas horas dentro do ônibus novamente?", questiona Camila Chandoha, mãe de Kalél.
Raphael, 12 anos, tem deficiência auditiva e mora no bairro Afonso Pena. Nas últimas semanas, ele tem chegado após o horário do início das aulas na Escola Ilza de Souza Santos, no Centro.
"O ônibus passa aqui no máximo até as 7h, porém ele chega na escola entre 8h30 e 9h. Todos os dias está chegando atrasado", explica Katlyn Klakloski Alves, mãe de Raphael.
Já Saulo, filho de Rita Benites, só está frequentando as aulas por causa do esforço da mãe, que teve que mudar toda a rotina para conseguir levá-lo à escola.
"Após uma semana sem o ônibus aparecer, consegui o telefone do motorista e liguei para ele. No primeiro dia, o motorista buscou o Saulo às 8h, justamente no horário de entrada. No segundo dia, simplesmente não apareceu", conta Rita.
A situação só se resolveu completamente quando Rita passou a ligar para outros responsáveis pelo transporte. Foram mais de duas semanas até tudo ficar certo.
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Mudança de Empresa
O serviço de transporte escolar é de responsabilidade da Prefeitura de São José dos Pinhais. De acordo com as mães, a situação ficou crítica este ano, quando houve a troca das empresas contratadas pela gestão municipal para realizar o transporte escolar. Todas elas mencionam que no ano passado, não havia problemas.
"O problema é que aumentou o número de estudantes, mas não aumentou o número de ônibus. Não tem como colocar todas as crianças na rota. A cada dia eles aumentam o número de crianças dentro dos ônibus e as rotas vão ficando mais longas. Então, tem criança que fica duas horas e meia dentro do veículo. Tem criança que sai de casa às 05h30 e chega na escola às 08h. Meu filho já saiu de casa às 11h30 e chegou à escola às 14h. Então, está complicado. A empresa que entrou agora só foi contratar motoristas e monitores uma semana antes da volta às aulas", relata Luciana Senna, mãe do Henrique, 14 anos, estudante da Escola Municipal Madre Paulina.
Resposta da Prefeitura de São José dos Pinhais
Em nota, a Prefeitura de São José dos Pinhais admitiu que as empresas responsáveis pelo serviço não tinham conhecimento das rotas antes do início das aulas. “Neste sentido, diariamente estão sendo feitas adaptações nas rotas e remanejamento de alunos entre os veículos para melhorar o fluxo e o nível de atendimento das rotas", diz o texto.
O comunicado relata ainda que "essas alterações demandam tempo de observação e monitoramento do comportamento das rotas, visando identificar quais os pontos que estão causando os atrasos, para, na medida do possível, se efetuar os ajustes e novas inclusões de alunos”.
A gestão da prefeita Nina Singer, na nota, também diz que a “pressão muito grande de famílias e sociedade em geral, que causam pedidos de demissão dos funcionários por não suportarem tamanha pressão (sic)”. Ainda de acordo com a gestão municipal, em menos de um mês, quatro funcionários que iniciaram o serviço já pediram demissão e tiveram que ser substituídos.
Ademais, a nota informa que a Prefeitura promoverá um encontro e treinamento sobre técnicas de abordagem de Pessoas com Deficiência, com a equipe pedagógica e psicólogas da Escola Municipal Especial Madre Paulina, envolvendo os motoristas e monitores do transporte escolar especial. Também será iniciado um treinamento e consultoria com uma empresa especializada em transporte.
Veja a nota completa aqui.
